terça-feira, 27 de agosto de 2013
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
Um mundo mais quente, árido e violento?
Uma análise de estudos sobre o impacto de eventos climáticos na sociedade identifica forte relação causal entre alterações no clima e conflitos humanos ao longo da história. Jean Remy Guimarães discute o tema à luz do aquecimento global já em curso.
Estudos sugerem que o aumento da temperatura da Terra levará ao maior número de conflitos sociais. (imagem: sundeip arora/ Scx.hu)
A relação entre calor e violência já foi explorada em diversas obras de ficção, como nos filmes Faça a coisa certa, de Spike Lee, Um dia de fúria, de Joel Schumacher, Rio 40 graus, de Nelson Pereira dos Santos, e o romance O estrangeiro, de Albert Camus, para citar apenas alguns.
Não se faça de desentendido. Você também é parte desse enredo: atire a primeira pedra se nunca teve impulsos homicidas no auge de um engarrafamento infernal, no ápice de um verão tórrido, em um veículo sem ar condicionado.
Então, já que o planeta caminha para um futuro cada vez mais quente e árido, este será também um futuro mais violento? O bom senso sugere que sim. Todos sabemos que o calor irrita e que o calor sem água enlouquece. Resta saber de que somos capazes quando irritados ou enlouquecidos. Calma, foi só uma hipótese...
Mas o fato é que essa relação vem sendo pesquisada por muitos autores, há alguns anos. Previsivelmente, os resultados são contraditórios e muito discutidos. Por isso mesmo o prof. Solomon M. Hsiang e seus colegas das universidades de Princeton, Berkeley e Cambridge resolveram radicalizar e abarcar eventos dos últimos 10.000 anos em cinco continentes, em uma espécie de meta-análise de 60 trabalhos que consideraram mais rigorosos e/ou completos, publicados em 26 revistas, por cerca de 200 pesquisadores e tratando de 45 conflitos.
O trabalho foi publicado este mês na Science e mostra que, submetida a um tratamento estatístico padronizado, essa massa de dados fala: há uma forte relação causal entre eventos climáticos e conflitos humanos, em diferentes escalas temporais e espaciais e em todas as regiões do globo.
Antes que você saia para comprar um soco inglês ou um AK-47, cabe lembrar que o termo conflito, nesse caso, vai desde o uso intempestivo de buzinas no Arizona quando o calor aperta, passa pelo aumento da pancadaria em torneios esportivos e vai até o colapso de civilizações inteiras, como os maias na América Central, os tiawanakus nos Andes e o reino Khmer de Angkor, no Camboja. Tudo bem, pode ir comprar seus brinquedinhos.
Condutas polêmicas
Os autores evitam sugerir que o clima seja a única ou principal causa de conflitos, mas afirmam que variações importantes do mesmo podem ter efeito importante no surgimento de conflitos em diversos contextos. Chegam a especular que até meados do século 21 o risco de guerra civil poderia aumentar em até 50% em muitos países.
Naturalmente, há céticos que lembram que uma correlação estatística, sem teoria que explique a suposta relação causal, não significa nada.
Portanto, podemos seguir sem culpa usando eletricidade para aquecer água em um país esturricado pelo Sol o dia inteiro e emitindo carbono para não sair do lugar no cenário cada vez mais surreal da imobilidade urbana. No cenário da produção de energia nova e menos suja, sigamos construindo parques eólicos que não têm linha de transmissão para entregar sua produção e hidrelétricas com sistemas incompatíveis com a linha de transmissão, como as do Rio Madeira, já suficientemente polêmicas.
Pesados subsídios aos combustíveis fósseis e à produção de automóveis coexistem com a pesada carga tributária sobre cadeias produtivas ambientalmente corretas. A queda nas emissões de carbono, graças à redução do desmatamento, foi engolida pelo aumento de emissão pelas termelétricas, acionadas para socorrer as hidrelétricas de reservatórios minguados pelas chuvas preguiçosas.
O nó no trânsito devido à opção pelo transporte individual, ele próprio tolhido pelo caos dos ônibus, explorados por consórcios sem fé nem lei, deu no que deu: o país desceu às ruas, que já não estavam fluindo mesmo.
Mas, ora, estamos no inverno e foi tudo por conta dos tais R$ 0,20, direis. Talvez, mas, como sempre, os acidentes e os conflitos são multifatoriais, e o clima aqui tem seu papel: com mais chuvas no lugar e hora certos, estaríamos melhor. Com uma gestão mais eficiente e integrada, também. Mas então talvez não teríamos descido às ruas e as planilhas das empresas de ônibus continuariam pertencendo ao mundo das lendas urbanas, muy urbanas.
Pensando bem, até que um susto pluviométrico pode ser instrutivo e útil. Mas também sai caro e contribui para futuros sustos de mesma índole. Teremos, portanto, novas oportunidades de abordar o assunto.
Ai, ai.
Jean Remy Davée GuimarãesInstituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Fonte: Ciência Hoje.
Publicado em 20/08/2013
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
Seminário dia 16 de agosto
ATENÇÃO!!!
Nesta próxima sexta-feira, 16 de agosto, às
10:00h acontecerá o seminário sobre "From microorganisms to the atmosphere: flooded soils and the methane
cycle", proferido pelo
Prof. Dr. Ralf Conrad.
Local: Anfiteatro do Instituto de Microbiologia da UFRJ.
O Prof. Ralf Conrad é diretor do Max Planck Institute for Terrestrial Microbiology e trabalha com fatores reguladores sobre a comunidade e processos relacionados a produção dos gases causadores do efeito estufa CH4 e N2O em solos.
Cariocas são ameaçados pelas mudanças climáticas
Efeito estufa e risco de tempestades põem a cidade no topo de ranking das alterações no clima do planeta Terra
Maria Luisa BarrosRio - Moradores do Rio são os mais ameaçados pelas mudanças climáticas previstas para os próximos 30 anos. O alerta consta do Mapa de Vulnerabilidade da População dos Municípios do Estado do Rio divulgado nesta quinta-feira pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo a pesquisa, das 92 cidades fluminenses, a capital será a mais afetada. Na lista dos perigos que pairam sobre o Rio estão o efeito estufa e a consequente elevação do nível do mar, inundações e alagamentos provocados por tempestades e o crescimento de casos de doenças infecciosas, como dengue e leptospirose.
O índice de vulnerabilidade municipal classifica os municípios quanto ao grau de atenção que terá que ser dado frente às esperadas mudanças climáticas, numa escala que vai de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maiores as chances de eles serem afetados. “O Rio está na escala 1, por ter grande vulnerabilidade nos quesitos saúde e meio ambiente”, afirmou a coordenadora do projeto e pesquisadora da Fiocruz, Martha Barata.
Foto: Arte O Dia
POLÍTICAS PÚBLICAS
A situação do Rio é agravada pela ocupação desordenada em encostas e pela falta de saneamento básico nas comunidades de baixa renda. A pesquisadora recomenda que os governos adotem políticas públicas para evitar tragédias provocadas por catástrofes ambientais.
“A primeira ação é a ordenação do solo. Não
permitir a ocupação de encostas. É preciso garantir saneamento básico para
evitar doenças”, orienta a pesquisadora. Segundo ela, as ações devem vir
acompanhadas de campanhas educativas, drenagem de rios e eficiente sistema de
alerta.
Diagnóstico para políticas públicas
O secretário de Estado do Ambiente, Carlos Minc, disse que o diagnóstico será usado na aplicação de políticas públicas em diferentes regiões do estado. Ele lembrou que, a partir da primeira etapa do estudo, concluída em 2011, foram feitas ações de reflorestamento, fim dos lixões e construção de aterros sanitários no Noroeste fluminense. “O estudo pode efetivamente mudar a vida das populações que se encontram nessas áreas”, disse o secretário.
Ressaca no Mirante do Leblon: elevação do nível do mar é um
das consequências do efeito estufa previstas
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Risco na Costa Verde, Serra e Baixada
Os municípios de Angra dos Reis e Paraty, na
Costa Verde, e Teresópolis e Petrópolis, na Região Serrana, estão em situação
de elevado risco ambiental. “Por conta da ocupação desordenada do solo, essas
regiões devem estar atentas aos cuidados necessários para a proteção das
florestas”, explicou a pesquisadora da Fiocruz.
A especialista alerta, no entanto, que o baixo
índice apresentado por determinados municípios não significa a ausência de
risco. Na Baixada Fluminense, três cidades — Magé, Duque de Caxias e Nova
Iguaçu — tiveram índices de vulnerabilidade superiores a 0,70, bem acima da
média estadual, de 0,50.
ÍNDICE CLIMÁTICO
O Índice de Vulnerabilidade Geral (IVG), é
calculado com base em indicadores sociais, ambientais e de saúde.
MENOS VULNERÁVEL
O município de Nilópolis aparece no mapa como o
menos vulnerável, com escala zero no índice geral, seguido de São Pedro da
Aldeia, na Região dos Lagos, e Volta Redonda, no Sul Fluminense.
RISCO SOCIAL
São Francisco de Itabapoana aparece com o pior
índice de vulnerabilidade social e Niterói, com o melhor.
MELHORIA NA SAÚDE
Campos reduziu de 1 para 0,68 o índice, devido à
melhora na saúde.
Fonte: Jornal o dia
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
Homenagem ao Dia dos Pais
O Pai da Geoquímica
Não há consenso entre os diversos autores quanto ao período da história
que se pode designar como o início da geoquímica. Alguns sugerem que
os trabalhos de George Bauer (Agrícola), conhecido como pai da
Mineralogia, no século 16, podem ser considerados como o início desse
ramo da geologia.
Somente na primeira metade do século 20 é que a geoquímica ganha
destaque como um ramo da geologia, principalmente com os trabalhos de
N. L. Bowen, V. M. Goldschmidt e S. S. Goldich. Bowen era um
cientista respeitado e trabalhou no Carnegie Geophysical Laboratory, em
Washington, D. C. (1910-1930). Apesar do nome, boa parte dos
trabalhos realizados no laboratório tratava da geoquímica de altas
temperaturas. Bowen realizou o primeiro experimento sistemático de
laboratório sobre a cristalização das rochas ígneas e desenvolveu
importantes diagramas de fase geológica. Goldschmidt é lembrado como o
pai da Geoquímica Quantitativa. Ele publicou o primeiro estudo
geoquímico dos elementos e o primeiro livro-texto abrangente de
geoquímica quantitativa (1920-1945). Goldich (1930-1940) publicou
numerosos artigos sobre a geoquímica das reações de intemperismo e
estudos sobre equilíbrio mineral em baixa temperatura.
Na segunda metade do século 20 importantes trabalhos de diversos
cientistas alargaram o campo da geoquímica, valendo citar, entre os
principais: H. L. Barnes - Geoquímica dos Depósitos Hidrotermais; H. C.
Helgeson - Geoquímica das Soluções Aquosas de Baixa Temperatura; H. D.
Holland -- Geoquímica da Água do Mar; F. D. Bloss - Cristaloquímica;
Konrad Krauskopf - Termodinâmica Geoquímica; Brian Mason --
Cristaloquímica; e R. M. Garrels e C. Christ – Geoquímica das Soluções
Aquosas.
Fonte: CBPM.
Equipe BGQ
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