quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Golfinhos voltam a aparecer na Baía de Guanabara

Retorno dos botos foi mapeado pelo Projeto Maqua da Uerj.
Existência deles é fundamental para a Baía de Guanabara, diz bióloga.

 http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/08/golfinhos-voltam-aparecer-na-baia-de-guanabara.html

A Baía de Guanabara voltou a receber o boto-cinza nesta quarta-feira (27). Considerado por especialistas um dos animais mais vitimados pela poluição das águas, a espécie denominada Sotalia fluviatilis tem utilizado a baía para se alimentar e criar os filhotes.
Cerca de 40 animais escolheram a região perto de Guapimirim, na Baixada Fluminense, para viver. Eles podem ser vistos se deslocando, perseguindo cardumes de peixes, surfando as marolas produzidas pelos barcos ou dando saltos.

O retorno dos botos à Baía de Guanabara foi mapeado pelo Projeto Maqua, do Departamento de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), que estuda a população dos botos-cinza há quase 20 anos. A pesquisa é realizada através da foto-identificação. Essa técnica permite reconhecer cada boto por meio de fotos das marcas naturais presentes nas nadadeiras dorsais dos animais. As marcas funcionam como impressões digitais, uma vez que cada boto apresenta um padrão diferente.

"A presença dos botos na Baía de Guanabara é um indicador, melhor do que qualquer tabela ou número, que comprova a melhora ambiental da Baía de Guanabara. A atual gestão do governo do estado investiu fortemente na despoluição da baía, os resultados estão surgindo de forma natural. Ou seja, menos poluição, mais alimento para a fauna local, que se reproduz e se fixa naquele ambiente", ressaltou o presidente da Cedae, Wagner Victer.

De acordo com Tatiana Bisi, pesquisadora e professora de biologia marinha da Uerj, outras espécies de cetáceos também já nadam nas águas da Baía de Guanabara. Um exemplo é a espécie golfinho-de-dentes-rugosos, que está sendo avistada próximo à Ponte Rio-Niterói. Tatiana acredita que os golfinhos estejam procurando as águas da Baía para se alimentarem de lulas, polvos e, principalmente, de peixes-espadas, que migram nesta época do ano.

Para a especialista, a existência desses animais marinhos é fundamental para a Baía de Guanabara. "Além de os golfinhos e botos serem extremamente carismáticos, eles são organismos que têm uma grande importância para o sistema. É uma espécie que está lutando pela sobrevivência. É uma população bastante ameaçada e que pode ser considerada um símbolo da sobrevivência e luta pela vida na Baía de Guanabara", disse.

A bióloga também destacou a importância do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara para a conservação e preservação dos animais aquáticos. "As ações do governo do estado são fundamentais para que a Baía de Guanabara possa retornar ao que um dia foi no passado. Talvez não tão limpa, mas com condições adequadas, que permitam a sobrevivência dessas populações", explicou Tatiana.
O projeto Botos da Baía de Guanabara, realizado pelo Maqua, integra desde 2002 o programa Nova Baía, uma parceria entre a Secretaria de Estado do Ambiente; o Instituto Baía de Guanabara, da Uerj; a Associação Cultural e de Pesquisa Noel Rosa e os Guardiões do Mar, com recursos oriundos da Petrobras.

O boto-cinza é comum no litoral brasileiro, com populações residentes em baías costeiras, e tem aparecido cada vez mais em Sepetiba, Baía de Guanabara e Ilha Grande. A espécie apresenta coloração cinza escuro no dorso, clareando em direção ao ventre, que pode ser branco ou rosado. Os indivíduos podem viver mais de 30 anos e medir em média 1,8 metro.

Fonte: G1, 28/08/2014.

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